Dia Internacional da Mulher Indígena
San Leopoldo (Brasil).-Para celebrar, para respeitar, para se alegrar neste Dia Internacional da Mulher Indígena, dia de lutas por terra, a FLD-Comin (Fundação Luterana de Diaconia-Conselho de Missão entre Povos Indígenas) quer anunciar a fala de três mulheres do povo Karo Arara, que vive na Terra Indígena Igarapé Lourdes, município de Ji-Paraná, no estado da Rondônia, Brasil. Estas e outras falas e histórias de vida de mulheres Karo Arara, estão disponíveis em recente publicação bilíngue do Comin, intitulada “Nossas vidas: histórias de mulheres Karo Arara – Iba’kât kanã: ma’pâyrap at kanã xet to’”.
Maria Arõy Arara:
“Quando eu nasci o meu povo já tinha tido contato com os brancos. [...] No seringal da Dona Miúda eles faziam muita farinha para trocar com os seringueiros e com nós também. [...] Alguns homens Arara moravam e trabalhavam com brancos, cortando seringa. [...] A nossa terra ainda não era demarcada. Quem comandava aqui eram os seringalistas. Essa região onde hoje é o Paygap pertencia ao seringal do Barroso.” (p.9).
Tereza Xĩn Arara:
“Sou Tereza Xĩn Arara, filha da Joana e do Cícero Arara. [...] Não sei onde nasci. Me lembro que quando era pequena a gente andava muito, sempre mudava de aldeia. [...] Meu pai já era pajé. Ele tratava muita gente. Naquele tempo tinha muito sarampo, que veio com o contato com os brancos. [...] Continuo tendo minha roça. Às vezes participo da roça comunitária. Todos precisam ter roça. [...] Quero que minhas filhas aprendam a fazer o que eu sei fazer [...] Espero que elas façam faculdade para aprender mais e depois trabalhar na nossa comunidade.” (p. 33, 34).
Sandra Arara:
“Nós viemos para cá, Iterap, com o pai e a avó, para irmos na escola estudar. Os professores nesta época eram da Funai, e eles ensinavam tudo em português. (p. 71).”